[RESENHA #020] THE RIME OF THE ANCIENT MARINER | SAMUEL T. COLERIDGE & STJEPAN JURAS


Sinopse: Em 1798, o poeta inglês Samuel Taylor Coleridge publicou o que viria a se tornar o poema mais famoso de sua obra. “The Rime of the Ancient Mariner” (A balada do velho marinheiro) é a história sobrenatural de um marujo abandonado, cercado apenas pelo mar e sua própria tripulação morta, sozinho num navio à deriva e afligido pela misteriosa maldição que recai sobre ele após matar um albatroz. Com o Iron Maiden, 186 anos depois, os clássicos versos de Coleridge ganharam a mente e o coração dos ávidos fãs de heavy metal, com uma faixa tão épica quanto o poema que a inspirou. A revolucionária “Rime of the Ancient Mariner” quebrou todos os estereótipos do gênero, com surpreendentes e inesperadas reviravoltas, momentos atmosféricos e recitação dramática. Com quase 14 minutos, dentre os quais não há um único segundo que não seja brilhante, essa foi, durante décadas, a mais longa criação da banda, permanecendo como um testamento do seu poder criativo. Nesta edição especial, além de textos exclusivos que exploram em detalhes a épica faixa do Iron Maiden, os fãs terão acesso ao poema de Coleridge tanto em inglês, em sua versão original, quanto em português, com ilustrações magníficas de Gustave Doré, grande ilustrador francês do século XIX, concebidas especialmente para o poema.

Resenha/Opinião: Atualmente, os fãs do Iron Maiden estão muito ansiosos para o novo trabalho da banda, eu incluso, que parece prometer muito. Enquanto o novo trabalho não ganha vida nas "prateleiras" e serviços de streaming pelo mundo, que tal mais uma cerveja e uma conversa com Stjepan Juras sobre uma das músicas mais icônicas da maior banda de Heavy Metal de todos os tempos?

Pois é exatamente isso que vamos ter hoje. Bom, não "exatamente", pois "The Rime of the Ancient Mariner" é uma análise mais aprofundada do poema de mesmo nome que originou a canção da donzela e que é, ainda hoje, uma das mais queridas de todos os tempos pelos fãs da banda.


Se você é um fã, já deve estar familiarizado, pelo menos um pouco, com o poema de Samuel Taylor Coleridge, mas provavelmente, assim como eu, nunca o tenha lido de fato. Stjepan Juras, nos apresenta esse livro não só como um complemento de Powerslave, mas também como um livro independente de sua ligação com a banda, pois, pode ser lido sem qualquer conhecimento relacionado aos gigantes do metal. Basta você ser interessado em poesia ou literatura em geral, pois "A Balada do Velho Marinheiro" é apresentada aqui na íntegra. 

Juras esmiuça, antes de mais nada, a relação do poema com a música para dar uma base para todos os leitores, sejam fãs ou não da banda. Apresenta, como sempre, teorias interessantes e curiosidades que podem até te surpreender um "pouquinho", se não, muito, pois a escrita de Stjepan continua muito bacana e didática, tipo aquela conversa direta com você e que te faz querer saber mais e mais dessas curiosidades interessantes que ele nos apresenta.
 

Quanto ao poema de Coleridge, tenho quase que absoluta certeza que todos os leitores irão gostar, pois é um "baita" poema. A história por si só já é um atrativo e tanto, pois já demonstra a enorme crítica social que o autor faz ao ser humano em si. Aquela vontade, mesmo que não escancarada, de ter e destruir é bem calculada no poema. Mas, a grande força de "A Balada do Velho Marinheiro" é a consequência de um ato egoísta e cruel. Nosso personagem principal se vê com uma grande dívida moral, criminal e de consciência, da qual a única forma de se redimir é contando sua história para todos que cruzarem seu caminho como uma forma de se tentar impedir que tal crueldade e egocentrismo volte a se repetir.

"A mensagem do próprio Coleridge aqui é claríssima, e hoje mais relevante do que nunca, um tipo de aviso ecológico, um aviso dado pela Mãe Natureza de que mexer com o mundo natural em prol dos motivos egoístas e mesquinhos de um pequeno grupo de pessoas pode ter consequências imprevistas e desproporcionais."
 

Uma das várias coisas interessantes no livro, são as celebridades literárias que Coleridge influenciou com a sua balada triste e gótica. Stjepan faz conjecturas e também apresenta alguns fatos de autores como Edgar Allan Poe e até mesmo Lovecraft, com seu terror cósmico. Também é muito interessante saber que existem locais no mundo que apresentam referências diretas ao poema do Albatross vingativo, existindo até mesmo esculturas reverenciando a obra. 

Antes de ser "aquela música grandona" do disco "Powerslave" do Iron Maiden, "The Rime of the Ancient Mariner" fez escola no meio literário e poético muitos e muitos anos antes de ser apresentado aos milhares de fãs da música pesada no mundo todo. Não fosse todas as razões acima citadas, só por esta já seria o suficiente para se conhecer essa obra tão magnífica.


Mais uma vez, a editora Estética Torta nos presenteia com uma edição espetacularmente linda e nos padrões de seus outros lançamentos. "A Balada do Velho Marinheiro" vem no formato capa dura, papel pólen [amarelinho], fonte agradável e com muitas ilustrações relacionadas ao poema, feitas pelo fantástico Gustave Doré, o que deixa ainda mais irresistível esse belíssimo trabalho. Sinceramente, "The Rime of the Ancient Mariner" não tem como não ser absolutamente I.M.P.E.R.D.Í.V.EL. 


Autor: Nascido na Croácia, Stjepan "Stipe" Juras, de 34 anos, teve seu primeiro contato com o rock n' roll aos 6 anos de idade, com uma simples fita k7 dos gigantes do Led Zepellin. Desde então, com o passar dos anos, tem se dedicado única e exclusivamente ao ramo da música pesada e escreveu uma série de livros sobre o Iron Maiden.

Ficha Técnica:
Título: The Rime of the Ancient Mariner
Autor: Samuel Taylor Coleridge & Stjepan Juras
Tradução: Adriano Scandolara
Editora: Estética Torta
Páginas: 192
Ano: 2021
ISBN: 9786589087106

Postar um comentário

0 Comentários