[RESENHA #029] CAUBÓI DO INFERNO: VIDA E MORTE DE DIMEBAG DARREL | ZAC CRAIN


Sinopse:
 
CAUBÓI DO INFERNO apresenta a história de “Dimebag” Darrell Abbott, guitarrista da banda de heavy metal Pantera, assassinado no palco em 2004 por um fã enlouquecido – vinte e quatro anos depois de John Lennon ter tido um destino semelhante. Inspirado pelo Kiss, Darrell Abbott começou a tocar guitarra na adolescência e, prodígio como era, ganhou dezenas de concursos de talentos locais. Com seu irmão, o baterista Vinnie Abbott, “Dimebag” formou o Pantera, uma das bandas mais populares dos anos 90, com milhões de álbuns vendidos para uma base de fãs extremamente devota. Embora sua música destilasse agressividade, “Dime” era extrovertido, amigável e adorado por todos que o conheciam. Do início do Pantera até sua explosão, passando pelo vício em heroína do vocalista Phil Anselmo, culminando no trágico fim de Darrell, CAUBÓI DO INFERNO traz um retrato comovente de um dos maiores talentos da história do heavy metal.

Resenha/Opinião: Antes de mais nada, preciso dizer que eu nunca, digo, nunca mesmo, fui fã da banda Pantera. E quando recebi esse livro, pensei que seria meio complicado me envolver como me envolvi em outras leituras auto/biográficas. É claro que eu conhecia a fama fantástica dos irmãos Darrell, mas já pensava: Pena que estão naquela banda. Mas como a literatura é uma caixinha de surpresa [parafraseando Josef Climber aqui], Caubói do Inferno me arrebatou logo em suas chocantes primeiras páginas. Hoje, posso dizer que eu sou sim fã do Pantera. Agora, vamos ao livro.

Zac Crain, começa a história de Dimebag pelo seu final ou pelo menos perto disso. O capítulo de introdução já nos deixa apreensivos quando ele nos relata as ações do assassino de Darrell no fatídico 08 de dezembro de 2004, no Alrosa Club em Columbus, Ohio, pouco antes dele entrar no clube. A gente sempre tem a uela sensação de que "algo pode mudar" e de uma certa forma fantasiosa, torcer para que tudo pudesse ser diferente. Mas, infelizmente, não é assim que as coisas acontecem.


Para que não conhecia quase nada da vida dos irmãos Abbott, como eu, essa biografia foi um verdadeira achado para descobrir muito bem como foi a vida e obra de um dos maiores guitarristas que esse mundo já teve o privilégio de ter. E, se você é ou foi músico, vai poder se identificar demais com muitas passagens da história de Dimebag e seu irmão, pois, Zac vai lá no comecinho de tudo e mostra como era a vida deles e como tiveram, de uma forma muito boa, o privilégio de ter o apoio dos pais, principalmente do pai, nessa estrada tão complicada como é a da música.

É bem bacana conhecer a relação dos Abbott com algumas bandas que eles adoravam, principalmente, o Van Halen, que praticamente moldou a dupla Dimebag/Paul, descaradamente "clonados" dos irmãos Eddie/Alex, e nesse ponto já podemos ver a grande ligação que os irmãos tinham, pois Dimebag jamais aceitou entrar em uma banda definitivamente em que o baterista não fosse seu irmão e vice-versa.

"Mais ou menos na mesma época, algo ainda mais importante aconteceu: a transformação de Darrell em guitarrista, resultado da quantidade cada vez maior de tempo que ele e a guitarra passavam escondidos de toda e qualquer distração extrema - incluise, com frequência, a escola."

Depois de toda a narrativa da infância e adolescência dos irmãos, Zac se aprofunda na banda que viria a moldar e difundir o estilo [até então] meio que único do Pantera. Mas, antes do sucesso eles tiveram que ralar bastante para chegarem ao "estrelato" no mundo metal. O mais engraçado de tudo isso é que foram necessários quatro discos de um estilo totalmente diverso pelo qual o Pantera ficou conhecido: O Glam Metal.

Longe de ser ruim, o Pantera do inicio de carreira, já com praticamente a formação que lhe trouxe fama [Phil Anselmo só entraria no terceiro disco Power Metal], já demonstrava o tremendo poder que Darrell havia trazido para o mundo da música. Tanto que esses álbuns hoje são bem reverenciados e os pedidos de relançamentos nunca param.


Mas, Dimebag queria mais e sabia que com o estilo que estavam seguindo, jamais seriam mais do que uma pequena banda local que tocava sempre nos mesmos lugares com o mesmo público de sempre. Crain, conta toda essa passagem de estilos que a banda teve e os bastidores daquele que seria um clássico na discografia do Pantera: Cowboys from Hell. É bem interessante ver toda essa mudança e tudo o que foi preciso para que a banda se reformulasse. Dentro do acompanhamento cronológico dos discos do Pantera, que segue até seu último registro e o único lançamento da era pós Pantera, o Damageplan, podemos acompanhar seus problemas, acertos e resoluções até que o produto final estivesse nas lojas e nas mãos de seus fãs.

No meio disso tudo, Zac Crain, vai aos poucos nos mostrando como era Darrell Lance Abbott, através de relatos dos mais próximos e também de depoimentos e entrevistas do próprio Dimebag, inclusive, nos mostra a origem do apelido. Depois de conhecer toda a história dele, a gente percebe que ele viveu como sempre desejou e plenamente, pois todas as pessoas que tinham contato com ele, viam e sentiam na pele como ele era uma daquelas pessoas raras de se encontrar nesse mundo.

Zac, deixa bem claro em toda a biografia, que além de informativa como deve ser, Caubói do Inferno é mesmo uma homenagem ao profissional e à pessoa que Darrell foi. Festeiro por toda a vida, nunca deixava seus fãs e amigos na mão. A vida para Dimebag era um imenso palco onde todos poderiam participar sem restrições algumas, desde que tomassem um shot de Black Tooth Grim com ele, daí, o céu era o limite.

Dimebag Darrell

É muito bom ver que um dos maiores guitarristas e compositores do meio metal era sim uma pessoa legal e que via a vida de uma forma simples, como todos deveriam ver. A amizade, lealdade e o caráter sempre foram explicitamente bem aproveitados na curta vida de Dimebag Darrell. Mas quis o destino, ou qualquer coisa que o valha, que as coisas tivessem um final trágico.

Mesmo com o fim do Pantera, Dimebag e Vinnie Paul, decidiram recomeçar com o Damageplan, onde se juntaram com Bob Zilla, no baixo e Pat Lachman nos vocais e lançaram o ótimo New Found Power em 2004. Sem deixar a "peteca" cair, voltaram ao circuito de shows do inicio de carreira e colocaram o pé na estrada. Talvez, a grande diferença na vida de Dimebag pós Pantera, foi que ele se tornou mais presente na parte burocrática da "coisa", o que geralmente ficava nas mãos de Vinnie. Mas mesmo assim, Darrell não mudou uma vírgula no seu jeito de ser até o final de sua vida. Alegre, festeiro, amigo, cachaceiro e um dos melhores guitar-man do planeta.

"Apesar de tudo, dos altos e baixos, ele sempre foi o Dime. Ele sempre foi um tipo de pessoa da melhor qualidade, pois tinha muita energia, e energia positiva, que gostava de espalhar."

Zac Crain, não deixa de fora também os problemas com a bebida que Darrell teve, impactando diretamente no seu físico nos seus últimos anos de vida. Totalmente, compreensível, tendo vista a quantidade de álcool ingerida por Darrel, que só de contar, já deixa a gente bêbado.


O encerramento do livro segue com uma chocante reconstituição dos atos de Nathan Gale, que culminou com a morte de Dimebag e mais três pessoas que subiram ao palco para tentar pará-lo. No total foram 15 pessoas atingidas e até hoje não se sabe ao certo o que levou Gale a esse ato de violência incompreensível, que deixou uma lacuna enorme no mundo do metal.

Se você espera mais uma edição bem acabada, capa dura, ótima tradução de Marcelo Vieira, tratamento editorial irretocável da Estética Torta para Caubói do Inferno: Vida e Morte de Dimebag Darrel, então pode ter certeza que é isso mesmo que você, leitor e banger vai ter com essa edição. O único porém, é que vocês precisam correr, pois as edições são bem limitadas e acabam rápido. Absolutamente, I.M.P.E.R.D.Í.V.E.L.

Ficha Técnica:
Título: Caubói do Inferno | Vida e morte de Dimebag Darrell
Autor: Zac Crain
Tradução: Marcelo Vieira
Editora: Estética Torta
Páginas: 328
Ano: 2021
ISBN: 9786589087045. 

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