[RESENHA #030] ZÉ DO CAIXÃO: MALDITO | ANDRÉ BARCINSKI & IVAN FINOTTI


Sinopse:
 
Ele veio ao mundo numa sexta-feira 13, em março de 1936. Quase oitenta anos depois, José Mojica Marins construiu um legado artístico incomparável em nosso país e se consagrou como um dos grande mestres do Terror mundial. O público conhece sua voz gutural, as infindáveis garras que ele chama de unhas, sua barba cerrada e suas roupas, incluindo capa e cartola, sempre escuras como a noite. Mas até que ponto o Brasil reconhece toda genialidade do homem por trás do mito? Em Zé do Caixão – Maldito, a Biografia, os jornalistas André Barcinski e Ivan Finotti desenterram todos os segredos do passado de José Mojica, da infância humilde nos subúrbios de São Paulo até sua consagração internacional. Um dos cineastas mais produtivos do Brasil, Mojica escreveu, dirigiu, produziu e atuou em mais de trinta filmes, como os clássicos À Meia Noite Roubarei Sua Alma, Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver e O Despertar da Besta. Mojica aprendeu a fazer cinema sozinho, na marra, usando os recursos disponíveis e formando seus próprios técnicos e atores. Como resultado, o mundo ganhou um artista genuinamente brasileiro, que jamais precisou copiar fórmulas estrangeiras.

Resenha/Opinião: José Mojica Marins, nasceu em 13 de março de 1936, sexta-feira. Isso por si só, já poderia ser uma prévia do que esse icônico brasileiro da Vila Mariana, viria se tornar. Demoraria ainda vinte e sete anos até que José Mojica Marins viesse a criar o personagem que o acompanharia por toda sua carreira e vida: o Zé do Caixão. Na biografia de André Barcinski e Ivan Finotti, que foi originalmente publicada em 1998, pela editora 34 e reeditada, revista e relançada pela Darkside Books em 2015 [falaremos mais dessa edição logo abaixo], nos contam desde antes do nascimento de Mojica como foi a vida desse cineasta, ator e roteirista de cinema e televisão, passando pela sua infância, adolescência e vida adulta, sem deixar nada passar, mostrando ao leitor suas alegrias, felicidades, seu auge, suas auguras, a decadência e também sua volta em 2008, com o filme Encarnação do Demônio, onde o Zé, finalmente, encerra sua trilogia iniciada em Á meia-noite levarei a sua alma de 1963 e Esta noite encarnarei no teu cadáver de 1967, portanto quarenta e um anos depois da criação do Zé do Caixão.

"As coisas não iam bem para José Mojica Marins naquele mês de junho de 1964. Ele havia terminado seu primeiro longa de terror, Á Meia-Noite Levarei Sua Alma, mas os sacrifícios que teve de enfrentar para fazer o filme sugaram toda sua energia e disposição, para não mencionar sua poupança. A filmagem havia sido um pesadelo, marcada por acidentes, brigas e falta de dinheiro."


Como disse a biografia começa com as duas famílias de seus pais, Antônio André e Carmem Marins, mostrando como se conheceram, se casaram e vieram morar na Vila Mariana numa chácara que pertencia aos donos da fábrica de cigarros Caruso, onde eles trabalhavam como caseiros até 1938. Depois disso foram morar nos fundos de um cinema, na Vila Anastácio, onde o pai de Mojica trabalhava como gerente. A partir daí, a vida de Mojica era a leitura dos gibis e as sessões de cinema na sala de projeção de onde seu pai trabalhava. Partindo dessa premissa, os biógrafos refazem toda a história de Mojica, mostrando o quão difícil foi a vida de um cineasta que ao mesmo tempo era tido como brilhante por seus colegas e também maldito pelos críticos da época. José Mojica Marins jamais chegou a conseguir um centavo para criar sua obra cinematográfica do órgãos competentes. Sempre teve que recorrer a amigos, do dinheiro dos alunos de sua própria escola e por vários outro meios contados na biografia.

Apesar de ter recebido prêmios na Europa e Estados Unidos, participado de eventos como mostras e festivais, no Brasil, Mojica nunca teve o mesmo reconhecimento pela sua obra. Porém, seu personagem, Zé do Caixão, recebeu o status de celebridade entre o underground da mídia brasileira e principalmente entre os apreciadores da música pesada no Brasil e no mundo, onde é conhecido como Coffin Joe. A biografia também trata dos bastidores de cada obra cinematográfica de Mojica, mostrando que na maioria das vezes foi ingênuo e precipitado, perdendo assim, praticamente todos os lucros da sua obra.


Acredito que aqueles que gostam de biografias que são extremamente bem escritas, sinceras e bem construídas, Zé do Caixão: Maldito [A Biografia] é uma ótima pedida, pois o trabalho desenvolvido nessa obra resultou num espetáculo de livro que nos leva à alegria, tristeza, momentos de puro prazer, ódio e principalmente, afeição a esse maravilhoso ser humano chamado José Mojica Marins, vulgo: Zé do Caixão.

Em se tratando da edição, a Darkside Books demonstrou um imenso cuidado na nova edição revista, reestruturada e aumentada da obra Zé do Caixão: Maldito [A Biografia]. São 666 páginas [sugestivo, não?!], 200 a mais, comparada com a original, onde além do texto bem diagramado, é recheado de fotos que datam desde a infância de Mojica, passando por suas obras, sua escola, programas em que participou, fotos particulares de viagens entre muitas outras. Também conta com a “Mojicografia”, que pormenoriza todos os filmes feitos por ele. José Mojica Marins veio a falecer no dia 19 de fevereiro de 2020, em São Paulo, deixando um legado irretocável.


Como é de praxe, a Darkside Books, lançou a biografia em material de luxo, com capa dura envernizada, papel amarelado de excelente qualidade. A edição também acompanha a fita marcadora de páginas e um marcador em forma de caixão. Algumas edições ainda contam com um mini obi [um tipo de mini sobrecapa] que fala sobre a série exibida pelo canal Space, dando conta que a mesma foi originada deste livro. I.M.P.E.R.D.Í.V.E.L.

Ficha técnica:
Título: Zé do Caixão: Maldito [A Biografia]
Autor: André Barcinski & Ivan Finotti
Editora: Darkside Books
Páginas: 666
Ano: 2015
ISBN: 8566636783.

Postar um comentário

0 Comentários