[RESENHA #035] LORDS OF CHAOS | MICHAEL MOYNIHAN & DIDRIK SØDERLIND


Sinopse: No final do último milênio na Europa, mais de uma centena de igrejas foram queimadas e profanadas por pessoas relacionados ao black metal, certamente a mais extrema das correntes musicais. Aderindo a uma verdadeira guerra sacrílega, as bandas de black metal e seus fiéis e obcecados fãs deixaram um legado implacável de suicídios, assassinatos e terrorismo que ultrapassou as fronteiras da Noruega, chegando à Alemanha, Finlândia e Estados Unidos. Com centenas de fotos raras e dezenas de entrevistas com músicos, padres, policiais, fãs e os principais protagonistas dos eventos narrados, LORDS OF CHAOS se tornou um livro aclamado em todo o mundo, servindo de inspiração para o filme de mesmo nome, lançado em 2019, bastante elogiado pela crítica especializada. Uma obra essencial não apenas para os fãs de black metal, mas para todos que desejam se aprofundar nos aspectos formativos de um gênero musical que influenciou toda uma geração.

Resenha/Opinião: Antes de mais nada gostaria de lembrá-los, que toda e qualquer opinião extrema, difamatória, racista e homofóbica não condiz em absolutamente nada com minhas crenças e opiniões de vida. Encarei esse livro como mais uma fonte de informação e nada mais.

A música pesada sempre deu o que falar pelo mundo afora. Algumas vezes foram coisas boas e algumas nem tanto. Mas se existe um estilo musica que prima pela má fama, esse é o Black Metal. Se não bastasse ser dotado de uma sonoridade brutal ao extremo, ainda carrega o aspecto da antirreligiosidade e de sua ligação [quase] direta com o satanismo. E nada na história do Black Metal, foi tão pesado, no sentido real da palavra mesmo, como as origens do estilo na Noruega, ponto de referência até hoje desse estilo forte, mas ainda sim espetacular.

É de se esperar que um estilo tão forte e agressivo tenha em sua história acontecimentos, no mínimo, inusitados. Porém, como disse, acredito que nada se compara à história do surgimento do Black Metal na Noruega. Pode-se dizer que o estopim desse movimento naquela terra longínqua e gelada tenha sido a banda Mayhem e principalmente, seu fundador Øystein Aarseth, mais conhecido como Euronymous.


Dentro da história dessa banda tão marcante na cena norueguesa é que se encontram algumas das histórias mais horripilantes que (talvez) você possa vir a conhecer. Não só houve um suicídio de um dos integrantes da banda, com algumas peculiaridades póstumas de gelar a espinha de qualquer fá de filmes de terror ou coisa que o valha, como o ápice da dissolução do Mayhem, mesmo que breve, com o assassinato de Euronymous pelo então baixista Varg Vikernes.

"Eu não sei, porque desde o começo eu era contra queimar igrejas norueguesas. Totalmente. Eu falei pra eles, por que não queimar uma mesquita, as igrejas estrangeiras dos canalhas hindus e islâmicos - por que não destruir elas em vez de botar fogo em obras de arte norueguesa muito antigas? Eles podiam ter atacado as mesquitas, cheias de gente!"

Não bastasse isso, o "nascimento" do Black Metal, ou melhor dizendo, o "amadurecimento", a disseminação desse estilo na Noruega, foi intenso e brutal com queima de igrejas, ataques violentos, violação de túmulos e ainda outros assassinatos, dos quais Lords of Chaos, nos apresenta na forma de entrevistas, matérias jornalísticas e depoimentos diversos, muitos deles cheios de discriminação e apologia a todo tipo de assunto extremo.


Preciso dizer que boa parte do livro é dedicado a Varg Vikernes, mas que vai se ramificando por caminhos interessantes e alguns até aterrorizantes, que se desdobram na cena que crescia mais e mais a cada dia na Noruega e arredores. Pode-se dizer que Vikernes é tido como o marco zero de toda a imagem que o Black Metal teve nos seus primórdios no país nórdico e também pelos seus ideais extremos, evidenciados ainda mais após a sua prisão. Por isso Lords of Chaos não pode ser encarado como uma biografia aos desavisados, pois está mais para uma publicação histórico-jornalística muito competentes e aprofundada, que retrata todo o "pano de fundo" de um estilo musical mais do que controverso: o Black Metal.

"Eu acho que o satanismo é uma expressão disso, e foi uma das primeiras a se expressar assim. Se você odeia alguém, mata ele. Só mata, não tem nada imoral sobre isso. Animais fazem isso. Se você odeia alguém não há motivo que te impede."

Nessa nova edição de Lords of Chaos, a editora Estética Torta se superou trazendo um novo projeto gráfico que fez com que ela nos apresentasse uma edição belíssima em todos os sentidos. Brincando com as cores básicas, Lords of Chaos tem uma ilustração que faz jus ao seu conteúdo em um fundo branco letras vermelhas e um pentagrama que brilha no escuro em sua tradicional capa dura, pintura trilateral e divisões de capítulos em preto. Fonte bastante agradável também e o miolo é em papel amarelado. Lords of Chaos também vem muito bem recheado de fotos e ilustrações, além de três apêndices muitíssimo interessantes. Sinceramente falando, uma das melhores e mais bem feitas edições da Editora Estética Torta; absolutamente, I.M.P.E.R.D.Í.V.E.L.


Autores: Michael Jenkins Moynihan é um escritor, editor, tradutor, jornalista, artista e músico americano. Ele é mais conhecido por co-escrever Lords of Chaos, um livro sobre black metal. Moynihan é o fundador do grupo musical Blood Axis, da gravadora Storm Records e da editora Dominion Press.


Didrik Schjerven Søderlind é um humanista secular norueguês e cético que trabalha como jornalista e autor. Ele trabalha como consultor da Associação Humanista Norueguesa e já foi jornalista do forskning.no, com ciência, religião e cultura como principais áreas de interesse.


Ficha Técnica:
Título: Lords of Chaos
Autor: Michael Moynihan & Didrik Søderlind
Tradução: Tavos Mata Machado
Editora: Estética Torta
Páginas: 666
Ano: 2021
ISBN: 9786589087175

Postar um comentário

0 Comentários