Sinopse: Que sucesso um tal grupo chamado Sepultura poderia atingir tendo um guitarrista que ligava seu instrumento a um captador acionado por um interruptor de luz, um baterista que pendurava um prato em um cabo de vassoura e um músico que havia entrado na banda apenas por ter um baixo novinho em folha, mesmo não sabendo tocar uma nota sequer? Resposta: a banda brasileira com mais prestígio no exterior, com shows realizados em mais de 50 países e milhões de discos vendidos. Escrito por Silvio "Bibika" Gomes, primeiro empresário do Sepultura, juntamente com o jornalista André Barcinski, este livro estava fora de catálogo há quase duas décadas e agora ganha uma reedição de luxo pela editora Estética Torta, em capa dura, acabamento premium e conteúdos extras, com novas imagens exclusivas.
Resenha/Opinião: Não é surpresa nenhuma que uma das maiores bandas de Heavy Metal do mundo, saiu do nosso celeiro, o Sepultura. Quando se fala nesse nome, mesmo aquele que sabe o mínimo da música pesada vai saber de qual banda estamos falando. Mas, mesmo sabendo quem é a tal banda, o que muita gente não sabe, é como eles chegaram lá. Mas a editora Estética Torta não poderia deixar de fora essa banda lendária e que trilhou diversos caminhos, até então inéditos, no mundo da música para o Brasil.
Houve uma época em que no Brasil não se falava em outra banda a não ser o Sepultura, em termos de música, claro. Todo mundo gostava e queria mais e mais daquela banda pesada e tipicamente nossa. Claro que existiam diversas bandas do mesmo estilo que o Sepultura naquela época por aí, mas nenhuma tinha o apelo brasileiro de fazer as coisas. Talvez por isso, e não exclusivamente por isso, tenha se tornado uma potência no mundo da música pesada mundial.
Como disse acima, a editora Estética Torta não deixou passar a história dos primórdios do Sepultura e com a história sendo contada pelo jornalista André Barcinski e também por quem passou muita coisa ao lado dos integrantes da banda, Silvio "Bibika" Gomes, essa biografia fica muito mais autêntica e emblemática.
"O Sepultura fez um bom show, mas o Overdose matou a pau. O público carioca preferia um metal mais melódico, e ainda não parecia pronto para a barbaridade sonora do Sepultura. Dois meses depois, no entanto, as duas bandas fizeram outro show, dessa vez no clube Heavy Metal, em São Paulo. E lá, o capeta reinava."
Bibika, passa a limpo toda a base da criação do que viria ser o Sepultura. Sua escrita é leve e muito divertida, o que te faz sorrir e até mesmo gargalhar com as histórias que ele conta nessa biografia da banda. Principalmente, quando se fala da adolescência dos irmãos Cavalera, que acreditem, foi divertida e nostálgica. Tenho certeza de que muitos leitores que viveram os anos oitenta e principalmente, estavam montando ou tocando com bandas naquela época, vão sentir aquele aperto chamado saudade.
Bibika e Barcinski, adotaram o método tradicional de biografias onde se conta a juventude, a base da criação da banda e depois disso, todos os perrenhos disco a disco, show a show, culminando com a famosa e conturbada saída de Max do Sepultura. Isso mesmo, não tem como tudo ser flores numa biografia de uma superbanda que teve uma ruptura que deixou mágoas que duram até os dias de hoje. Simplesmente não tem como. E isso, é muito bom, pois a integridade da história está aí, em sua plenitude.
E se você está se perguntando se existe alguma coisa sobre Derrick Green nesta história toda, pode ficar tranquilo [ou não], ele está presente, mesmo que brevemente. E como disse acima, Bibika não deixa de fora nada do que aconteceu até a entrada de Derrick na banda, mesmo que pareça ser um pouco doloroso para o autor da biografia, ele teve a coragem de mostrar os bastidores do grande racha que a banda teve e isso sem máscaras ou escolha de lados, pois ambos tiveram seu espaço e suas verdades contadas.
"Quando escrevemos o disco, estávamos todos muito abalados pelo que havia acontecido, diz Andreas. Nem tanto pela briga, mas principalmente pelo que aconteceu depois dela, pela desconfiança e pelas críticas. Muita gente havia dito que a banda não conseguiria sobreviver, que nós não éramos nada sem o Max. Isso mexeu com a gente."
A edição de Sepultura - Os Primórdios, da editora Estética Torta que me foi enviada é em brochura com uma ilustração de capa muito bonita e totalmente dentro do arquétipo da banda. Produzida em papel pólen com fonte agradável, muitas fotos ilustrando toda a narrativa além de um apêndice com informações de todos os discos, vídeos e até mesmo alguns bootlegs, até o ano limite de 1998, completam essa que é uma edição mais do que necessária para qualquer headbanger desse nosso quintal. E não se engane, mesmo que a edição em capa dura seja uma maravilha, essa em brochura é igualmente sensacional.
Mais do que necessário, essa biografia de uma das bandas mais icônicas do mundo da música pesada, é um presente aos fãs e, nós leitores. Com uma linguagem simples, direta e divertida, essa biografia faz com que o leitor não desgrude de suas páginas que têm muito o que falar; eu mesmo não consegui largar no instante em que comecei e só parei dois dias depois, com aquele prazer de ter lido uma ótima biografia. Eu, certamente, jamais diria se não fosse verdade, e a verdade é que Sepultura: Os Primórdios de Silvio "Bibika" Gomes e André Barcinski, publicado pela editora Estética Torta não é nem imperdível é O.B.R.I.G.A.T.Ó.R.I.O.
Autores: Silvio "Bibika" Gomes é ex-roadie, técnico de som e foi empresário do Sepultura nos primórdios da banda. André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. Escreveu sete livros, incluindo Barulho (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem.
Ficha Técnica:

Autor: Silvio "Bibika" Gomes & André Barcinski
Editora: Estética Torta
Páginas: 232
Ano: 2022
ISBN: 9786589087441
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