[RESENHA #054] OPETH: DO DEATH AO PROG, COMO AS FASES DA LUA | EUGENIO CRIPPA & FILIPPO PAGANI


Sinopse:
 
Desde o início dos anos 1990 – quando foi fundado –, o Opeth sempre fez questão de ouvir os ventos da mudança e apontar as velas para onde fazia mais sentido navegar. A intenção sempre foi responder de maneira sincera: ‘Como melhor utilizar a música como ferramenta para expressar sentimentos?'. Conforme essa resposta foi mudando, a banda acompanhou o movimento. A mudança sempre foi cúmplice e amiga, desde seus primórdios. Hoje, o Opeth pode ser considerado uma das maiores bandas de death metal da história. A popularidade conquistada é mérito de uma capacidade de adaptação ímpar, digna dos grandes”. "Opeth: Do death ao prog, como as fases da lua" percorre toda a vida dos ases de Estocolmo, em uma viagem por entre as dificuldades, fadigas, evolução, polêmicas e o merecido reconhecimento de uma banda que, desde sempre, quis fortemente mover-se na cena à sua maneira, sem nunca sacrificar sua liberdade artística e espiritual.

Resenha: Meu primeiro contato com uma das maiores bandas de Death/Prog do mundo, Opeth, foi com o clássico "Blackwater Park" de 2001 e que me deixou extremamente embasbacado com o poder sonoro desses suecos, até então, totalmente desconhecidos por mim. Porém, tenho que confessar que os lançamentos seguintes não me seguraram na época. Mas a literatura é uma caixinha de surpresas e, como sempre, me trouxe muitas delas durante a leitura dessa ótima biografia do Opeth.

Quando a gente começa toda e qualquer biografia, assim acredito, nosso maior medo é que ela se trate apenas de algumas informações genéricas e foque mais nos problemas e embates que a banda muito provavelmente teve ao longo de sua carreira. Mas, felizmente, o caminho das autobiografias e das biografias tomaram um rumo muito mais prazeroso ao leitor: o da informação real e sem filtros. Uma vez uma grande amiga me disse que não gosta de ler biografias pois mais parece um livro de fofocas. Digo que se fosse algum tempo atrás, ela estaria muito mais do que certa, pois existem muitas biografias que não passam disso: fofocas. Mas Crippa e Pagani, nos entregaram uma ótima biografia que narra em grandes detalhes toda a saga do Opeth até seu disco "Heritage", lançado em 2011. Mas os discos seguintes também são abordados nos dois apêndices do livro, chegando até o disco "In Cauda Venenum" de 2019, falando também do impacto que teve a pandemia do Covid-19 na vida da banda.


Um dos grandes atrativos dessa biografia é a sua linguagem. A escrita dos autores é um pouco mais "rica" e muitas vezes o leitor vai se deparar com algumas comparações um tanto quanto peculiares, o que, como disse, me foi bastante atrativa e enriquecedora. Mas o que mais importa mesmo é que Opeth: do Death ao Prog, como as fases da lua, disseca todo o caminho que a banda teve que percorrer até chegar ao estrelato e ser uma das maiores bandas da mundo da música pesada.
 

Os autores descrevem toda a penúria em que os integrantes da banda tiveram que passar para conseguirem gravar o primeiro disco e assim começar oficialmente uma carreira longa e muito peculiar. Além disso, todas as demos, os projetos paralelos, principalmente de Mikael Akerfeldt e praticamente tudo que tenha um linha de ligação sequer com o Opeth é, no mínimo, comentado ao longo de toda a biografia. Obviamente que a parte pessoal dos integrantes é relatada superficialmente, a não ser quando ela impacta de alguma forma negativa ou positivamente no andamento da carreira da banda, suas particularidades são deixadas de lado, o que de forma alguma tira o brilho de tudo o que foi apresentado.

Fiquei um pouco surpreso quanto ao capítulo dedicado ao disco que é considerado o pilar máximo do Opeth: "Blackwater Park". Enquanto outros discos tinham capítulos com muito mais páginas de informação, "Blackwater Park" não teve tanta atenção quanto eu esperava que tivesse, porém, após seu lançamento, ele foi o único que adentrou nos capítulos [discos] seguintes de uma forma comparativa ou até mesmo esclarecedora quanto aos lançamentos posteriores. Obviamente, foi o único disco que teve essa peculiaridade perante aos seus "irmãos" tanto mais velhos quanto aos mais novos. Mas de qualquer forma, a exploração de cada lançamento, seus bastidores e conceitos, foram mais do que satisfatórios para se conhecer mais profundamente esse expoente do Death/Prog: o Opeth.


A editora Estética Torta mais uma vez acerta em cheio nessa biografia que realmente está maravilhosa. Começando pela capa que conta com uma arte deslumbrante e que poderia facilmente ser uma das capas de quaisquer um de seus lançamentos, a edição que eu recebi vem no formato brochura com orelhas, papel pólen [amarellinho] e fonte muito agradável. O trabalho editorial também está impecável e conta com uma infinidade de ilustrações em toda a biografia, inclusive de fanzines onde a banda teve destaque na época de seus lançamentos. Realmente, uma das melhores biografias que tive o prazer de ler, portando, claro que é I.M.P.E.R.D.Í.V.E.L.


Ficha Técnica:
Título: Opeth: Do Death ao Prog, como as Fases da Lua
Autor: Eugenio Crippa & Filippo Pagani
Tradução: Natalia Cesana
Editora: Estética Torta
Páginas: 512
Ano: 2021
ISBN: 9786589087311

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