[RESENHA #022] ARSÈNE LUPIN: O LADRÃO DE CASACA | MAURICE LEBLANC

Sinopse: Crimes fantásticos e intrigantes agitaram a França do início do século XX, revelando um nome inesquecível: Arsène Lupin – criminoso hábil, carismático e sedutor. Num bilhete, ele avisa a sua vítima que vai assaltá-la; numa notícia de jornal, anuncia sua fuga da prisão e, com uma petulância repleta de ironia, desafia o investigador Ganimard – conhecido mundialmente por ter conseguido prender o ladrão mais habilidoso que já se viu. Lupin rouba como se estivesse brincando. Parece fazer isso apenas para se divertir e zombar de quem pretende detê-lo. Nem Herlock Sholmes – o detetive de Maurice Leblanc – é páreo para ele. Lupin sai ileso de qualquer ação que executa – O ladrão de casaca (1907) reúne nove contos com seus feitos fantásticos. O leitor mais moralista deve tomar cuidado – entre uma e outra artimanha, pode ser seduzido e, de repente, sem que perceba, se pegar torcendo pelo triunfo do criminoso.

Resenha/Opinião: Não é de hoje que os anti-heróis caem nas graças de seus espectadores pelo mundo afora; sejam nos filmes, nos livros, games e qualquer outra mídia que seja, esses personagens "mais pra lá, do que pra cá", acabam ganhando um espaço maior do que os protagonistas bons da história, podemos assim dizer. Maurice Leblanc criou seu personagem tendo como base outro grande personagem clássico e espetacular: Sherlock Holmes. Porém, Arsène Lupin está do outro lado da lei, mas como disse acima, isso não quer dizer que não podemos cair em sua lábia e nos apaixonarmos por suas envolventes e excitantes histórias.

Assim como Sherlock Holmes, nós acompanhamos a vida desse gatuno pelas palavras de um terceiro, que depois de ser incluído num dos planos desse famoso ladrão, acaba se tornando algo próximo de um amigo. E dessa forma, através desses relatos obtidos através do próprio Lupin, que "conhecemos" todos os fatos.

"Na época, Arsène Lupin ainda não tinha a fama que lhe trouxeram o caso Cahorn e tantas outras façanhas retumbantes. Nem mesmo se chamava Arsène Lupin. Esse nome, ao qual o futuro reservava tanto brilho, foi imaginado especialmente para designar o salvador do Sr. Imbert, e pode-se dizer que foi nesse caso que recebeu o batismo de fogo.".

Com seu estilo envolvente e aconchegante, Leblanc nos apresenta histórias muito interessantes e cheias de ação e reviravoltas mirabolantes, o que, de fato, nos prende de uma forma difícil de largar e, apesar do livro ser dividido em contos, todas as histórias podem ser encaradas como capítulos de um romance, já que muitas delas têm entre si suas ligações que podem perfeitamente serem lidas como continuações.

Leblanc já nos provoca desde o começo de seus "contos", com "A Prisão de Arsène Lupin", que mostra uma enorme similaridade com seu oposto legal, como já dito, Sherlock Holmes. A arrogância, a genialidade e a total falta de modéstia são qualidades mais do que presentes nas páginas de "O Ladrão de Casaca" e isso nos atrai a cada página virada, principalmente em histórias como "O Sete de Copas" e "A Pérola Negra", que considero as melhores do livro. 

Maurice Leblanc não deixou de fora a crítica social em seus contos e através de seu personagem podemos ver algumas situações em que a hipocrisia, a discriminação e a ganância se apresentam de uma forma contundente deixando suas profundas marcas por onde passam. É preciso lembrar que, apesar de torcemos sempre pelo seu sucesso, Arsène Lupin é um fora da lei, um homem vil  aos olhos da lei e da sociedade; temido, invejado e respeitado, mas ainda assim um fora da lei. O grande trunfo do escritor é exatamente essa inversão de valores que nós abraçamos sem nem ao menos nos darmos conta disso e, esse brilhantismo na escrita é, como todos sabem, uma coisa extraordinária.

 

Arsène Lupin: O Ladrão de Casaca de Maurice Leblanc é um livro para aqueles que gostam de histórias de épocas, calcadas no estilo das histórias de Sherlock Holmes, mas com um "gostinho" diferente, digamos assim. Leblanc nos encanta com sua escrita fluída e ainda mais com suas mirabolantes histórias de roubos bem sucedidos... ou não.

"Ufa! Aqui estou. E como foi fácil. eu  me pergunto por que todo mundo não escolhe a profissão de ladrão. Com um pouco de habilidade e reflexão, não há outra mais agradável. Uma profissão de confiança, uma profissão de pai de família. Muito cômoda mesmo. Chega a ser enfadonha."

A editora Martin Claret, mais uma vez, caprichou na edição de O Ladrão de Casaca, que vem no formato capa dura, fonte agradável, papel amarelado, uma ilustração perfeita na capa e um trabalho editorial irretocável. Isso tudo para fazer com que nós, leitores, fiquemos ansiosos por mais histórias desse "adorável" ladrão, pois sem sombra de dúvidas, Arsène Lupin: O Ladrão de Casaca de Maurice Leblanc é categoricamente, I.M.P.E.R.D.Í.V.EL.

 

Autor: Maurice Leblanc (Rouen, 11 de dezembro de 1864 - Perpignan, 6 de novembro de 1941) foi um romancista francês e escritor de contos, conhecido principalmente como o criador do ladrão e detetive de ficção Arsène Lupin, frequentemente descrito como um homólogo francês da criação de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes. Filho de um construtor naval, estudou Direito e trabalhou certo tempo na empresa familiar. Mais tarde se fez conhecer em Paris com novelas analíticas, que conquistaram a estima e a proteção de Guy de Maupassant. Leblanc alcançou a fama por sua personagem Arsène Lupin, que apareceu pela primeira vez numa publicação mensal chamada Je sais tout (Eu sei tudo) entre 1905 e 1907, com o título Arsène Lupin, gentleman-cambrioleur. Desde então, se dedicou quase exclusivamente às aventuras do seu herói, em várias novelas e recompilações de histórias. [fonte: Wikipedia]

Ficha Técnica:

Título: Arsène Lupin: O ladrão de Casaca
Autor: Maurice Leblanc
Tradução: Leonardo Castilhone
Editora: Martin Claret
Páginas: 268
Ano: 2021

ISBN: 9786559100200