Sinopse: Nos anos 80, os ingleses do Judas Priest eram o protótipo perfeito de uma banda de heavy metal: um visual forte, repleto de couro e rebites, músicas com tom rebelde e ultrajante como “Breaking the Law” e “Living after Midnight”, mas, acima de tudo, foi seu som de guitarra único e distinto, pesado e melódico, que levou a banda a vender mais de cinquenta milhões de discos ao redor do mundo. Agora, pela primeira vez os fãs poderão conhecer os bastidores dessa lendária banda britânica. Em HEAVY DUTY, o guitarrista K.K. Downing não poupa ninguém. Membro fundador do Priest, K. K. narra os atritos entre os vários membros da banda, os altos e baixos do relacionamento com a indústria fonográfica, a relação conflituosa com os colegas do Iron Maiden e a postura da banda durante o controverso período de histeria anti-metal dos anos 1980. Ao longo de mais de 300 páginas, K. K. Downing conta tudo o que viveu com o Judas Priest, dos primórdios em 1969 até a noite em que olhou para seus companheiros de banda e pensou: “Este é meu último show com eles”. Mesmo que você seja um ávido fã do Judas Priest e julgue conhecer toda a história do grupo, este livro ainda vai te surpreender.
Resenha/Opinião: No mundo da música pesada, mais conhecida como Heavy Metal, acredito que praticamente todo mundo gosta, venera ou curte uma das maiores e mais pioneiras bandas desse tão adorado estilo, o Judas Priest. Não foi à toa que a banda nos seus impressionantes 52 anos de formação e 47 anos de carreira fonográfica, colecionou hits, fãs e uma reputação altíssima no mundo da música internacional. Foi esse titã que Kenneth Keith Downing Jr., ajudou a fundar e participou por mais de 30 anos criando um legado irretocável e espetacular. Mas, nem sempre foi fácil viver so jeito que K.K. Downing sempre sonhou, pois tudo o que conquistou teve seu preço a pagar e não foi barato.
A infância da família Downing não foi nada fácil e principalmente, para Kenneth, ver as constantes insanidades e violências sofridas por sua mãe, trouxe uma rebeldia e raiva que o acompanharia por toda sua vida. Seu pai tinha problemas psicológicos e psiquiátricos que fez com que Downing odiasse voltar para casa. As brigas constantes e a repressão paterna marcou profundamente todos os irmãos Downing, como o próprio K.K. veio a declarar nessa sua autobiografia.
Quando presenciamos o sucesso de alguém e nos tornamos fãs, automaticamente, achamos que tudo é fácil para alguém assim, um artista. Porém, sempre nos esquecemos que esses mesmo artistas são pessoas como nós e nada mais. Sempre digo que para alguém publicar uma autobiografia, precisa ter muita coragem, pois expor toda sua vida e fatos que marcaram sua trajetória é muito mais difícil do que parece.
K.K. Downing lava a alma quando fala de sua infância e adolescência, deixando bem claro seu desprezo e ódio pela figura paterna, a qual deveria ter sido totalmente diferente do que foi para ele. Mesmo numa passagem no livro, onde encontra ninguém mais do que Robert Plant, ele deixa claro que, mesmo passado muitos anos, é como se seu pai já tivesse morrido. E não pensem vocês que essas passagens e histórias são contadas friamente ou apenas para marcar território, elas tem uma carga emocional que nos atinge quase com a mesma intensidade e emoção com as quais K. K. nos relata ao longo do livro.
Mas, de certa forma, foi toda essa carga ruim em sua história de vida que acabou direcionando o Jovem Kenneth a se empenhar em arrumar uma guitarra e tocar como seu ídolo da época: Jimi Hendrix. E foi exatamente isso que ele fez.
Heavy Duty, acaba se tornando um relado bem pessoal e intimista dos bastidores de uma das maiores bandas do mundo. K. K. relata histórias que foram catalogadas cronologicamente em relação aos lançamentos fonográficos da banda. À partir do momento em que ele chega ao final do relato de sua infância e adolescência, tudo fica relacionado a sua vida profissional com o Judas Priest. Obviamente, que entre um disco e outro, K. K. nos conta um pouco mais de seus relacionamentos pessoais e como toda sua história foi determinante em cada um deles.
K. K. não deixa nada de fora, desde seu relacionamento com Glenn Tipton dentro e fora da banda; a homossexualidade de Rob Halford, o que em suas próprias palavras era "o segredo mais mal guardado da história do Heavy Metal" e também suas crescentes insatisfações com relação as composições e decisões tomadas pelos cabeças do Judas, que incrivelmente não incluía o próprio fundador dela.
Uma das passagens mais interessantes de todo o livro é como foi recebido o processo em que a banda toda foi figurante com ré, quando dois jovens fizeram um pacto de suicídio nos anos 80 e a culpa foi direcionada ao Judas Priest. Apesar de ter sido uma grande tragédia e todos da banda terem ficado extremamente tocados, K.K., conta como foi angustiante toda aquela situação e que poderia, sim, ter sido o fim da banda, não fosse a sentença favorável ao Judas Priest.
Downing, não deixa de fora nada, nem mesmo a saída de Rob. O que traz à tona a fase Ripper, que apesar de ter tido um bom desempenho, não foi uma boa época para o Judas Priest. O que nas palavras de K.K., poderia ter sido muito melhor, não fosse certas direções tomadas e ele não fosse, como sempre, um voto vencido.
Mesmo depois, com a volta de Ralford, K.K. foi sentindo que as coisas não estavam indo do jeito que ele queria; suas vontades e desejos estavam sendo negligenciados e até mesmo seu modo de vida estava um pouco gasto aos seus olhos. Diversas coisas, relatadas no livro, e situações acabaram acontecendo e fazendo com que um dos fundadores da banda deixasse seu posto ocupado por anos a fio. K.K. Downing deixou o Judas Priest oficial em em abril de 2011 e a banda sequer parou por causa disso, trazendo para seu lugar o excelente Richie Faulkner, que vem mantendo o legado do Judas Priest.
K.K. Downing abriu sua alma e dissecou toda sua vida no Judas Priest, tendo a coragem de dizer coisas que, para muitos, eram segredos ou só conhecidas pelos próximos da banda. Mas, para muitos, assim como eu, o principal foi conhecer como era a verdadeira relação da dupla de guitarristas mais fenomenal do Heavy Metal tradicional: K.K. Downing/Glen Tipton. E posso dizer que foi, no mínimo, chocante.
Mais uma vez, a Estética Torta nos apresenta uma edição de extremo bom gosto e qualidade indiscutível. Heavy Duty, vem no padrão da editora, com capa dura, papel amarelado, divisão de capítulos em preto e um ótimo trabalho editorial. É muito bom saber que nós, bangers, podemos contar com uma editora que disponibiliza ótimos livros do mundo da música pesada e com qualidade excepcional e, Heavy Duty: Minha vida no Judas Priest de K. K. Downing e Mark Eglinton, não foge disso, pois essa ótima autobiografia se torna ainda melhor com o tratamento dado pela editora, que aliás, é vendida com um bookplate assinado pelo K.K. Downing. Simplesmente, I.M.P.E.R.D.Í.V.E.L.
Kenneth "K. K." Downing, Jr. (nascido em West Bromwich, Inglaterra, 27 de outubro de 1951) é um guitarrista inglês que, ao lado do baixista Ian Hill, fundou em 1969 a banda de heavy metal britânica Judas Priest, um dos expoentes do New Wave of British Heavy Metal. Ele gravou todos os discos da banda desde Rocka Rolla (1974) até A Touch of Evil: Live (2009), responsável por compor a maior parte das canções do grupo. É considerado muito influente na cena do metal, por seu estilo agressivo de tocar, pelo dueto de solos promovido ao lado de Glenn Tipton e pelo headbanging sincronizado executado durante os shows do Judas. Em 2020, K.K. Downing forma a banda KK's Priest, com outros ex-integrantes do Judas Priest, o vocalista americano Tim "Ripper" Owens, e o baterista Les Binks [2]. Em maio de 2021, foi anunciado o lançamento do primeiro álbum da banda, intutulado Sermons of the Sinner, previsto para 20 de agosto de 2021. O baterista original, Les Binks, por ter lesionado o pulso, foi substituído por Sean Elg.
Mark Eglinton é autor best-seller e ghost-writer, especializado em livros sobre música, esportes e entretenimento. Trabalha também com assessoria literária, roteiros e adaptações. Nasceu na Escócia mas mora atualmente na Califórnia, nos Estados Unidos.
Ficha Técnica:
Título: Heavy Duty | Minha Vida no Judas Priest
Autor: K.K. Downing & Mark Eglinton
Tradução: Marcelo Vieira
Editora: Estética Torta
Páginas: 328
Ano: 2021
ISBN: 9786589087069.
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