[RESENHA #068] O RETORNO DO NATIVO | THOMAS HARDY


Sinopse:
 
Em meio ao território inóspito e infértil de Egdon Heath, o sexto romance de Thomas Hardy revela a história de Clym Yeobright, que retorna para casa após uma temporada em Paris. Ele, sua prima Thomasin, seu noivo Damon Wildeve e a determinada Eustacia Vye são os protagonistas de uma história repleta de amores trágicos, paixão, alienação, melancolia e o papel do destino na vida do homem.

Resenha/Opinião: O Retorno do Nativo de Thomas Hardy, apesar de ser um famoso romance clássico, foi a minha primeira leitura desse grande escritor, que, diga-se de passagem, tem uma escrita muito “cheia” e aconchegante, pois Hardy nos apresenta uma gama de personagens coadjuvantes que, embora comuns, nos faz sentir quase como se fossemos da família, tamanha destreza em contar a história de Thomasin, Wildeve, Eustacia e Clym. Quando essa turma de aldeões se encontra, nós leitores, nos sentimos parte da roda de conversa e quase podemos sentir o calor das fogueiras, a melodia das cantorias e por pouco não nos levamos à dançar junto dessa turma animada.

O pessimismo do autor inglês pode ser encontrado em quase toda a extensão de O Retorno do Nativo. Porém, obviamente, que existem personagem que dão o contrapeso da melancolia que a maioria deles suportam na várzea de Egdon Heath. Thomas é categórico em demonstrar que todos seus personagens carregam uma dose de pessimismo, uns em baixo e médio grau e outros em graus elevados, o que muitas vezes os fazem ter atitudes que lhe trazem, justamente, o que semeiam: a tristeza.


Os valores românticos daquela época são muito bem evidenciados em toda a extensão da história, mas também, Hardy expõe a limitações determinadas pela sociedade ao papel da mulher, que mesmo sendo forte, decidida e inteligente, seu destino sempre estará sob o julgo masculino dessa mesma sociedade. Esses valores são realmente muito fortes em toda a trama, tanto que impede, inclusive, de certos personagens agirem de forma insensata e, até certo ponto, de forma perigosa pelas regras impostas naquele tempo. Mas um dos maiores impulsionadores das ações dos personagens de Hardy no decorrer da trama é o orgulho; que de certa forma, é criticada pelo autor impiedosamente àqueles que se utilizam dessa emoção para reger suas ações e resoluções.

O que os leitores irão notar, principalmente, é que Hardy constrói uma excelente base antes de chegar na história principal dos quatro personagens centrais. Thomas descreve o local, apresenta dados históricos, define características de seus coadjuvantes, romanceia seus sentimentos, crenças, objeções, medos e anseios, o que faz com que seus leitores não possam mais largar as páginas desse incrível romance. Posso dizer, claramente, que o autor nos coloca numa armadilha literária em que só podemos nos livrar após sua leitura completa, pois é extremamente difícil interromper a leitura de O Retorno do Nativo.


As especulações e o crescimento dos personagens principais são deixadas um pouco de lado nessa trama, pois seus “atores” principais já são apresentados de uma forma mais completa e estão ali apenas para resolverem seus anseios e amores que são baseados, principalmente como disse antes, no orgulho, paixão, amor, ressentimentos e, mesmo que tardio, no perdão.

A gente acaba se apaixonando por toda Egdon Heath e sua várzea cinza que é ora seca, ora lamacenta e que impõe uma carga emocional fortíssima e esmagadora dentro de toda a história de seus personagens, que não estão livres das felicidades que buscam e também das tragédias que lhes atingem ao longo de suas vidas. Fico muito contente por ter a grata oportunidade de mais uma surpresa literária. É por isso que O Retorno do Nativo de Thomas Hardy, publicado pela editora Martin Claret é mais uma leitura O.B.R.I.G.A.T.Ó.R.I.A.


Autor: Thomas Hardy (Higher Bockhampton, Dorset, 2 de junho de 1840 - Max Gate, Dorchester, 11 de janeiro de 1928) foi um novelista e poeta inglês. Autor de obras de grande importância, conhecido pelo pessimismo radical que caracteriza os seus romances.

De uma família de classe média, filho de um próspero construtor civil, passou sua infância no campo. Estudou arquitetura e trabalhou na restauração de edifícios antigos, principalmente igrejas, enquanto escrevia poemas que só publicaria no fim da vida, quando se revelou um extraordinário poeta. No seu período de maturidade (1878-1895), escreveu obras que se tornaram clássicos da literatura inglesa. Também foi um brilhante contista, que traçou perfis psicológicos antitéticos, portadores e conscientes de seus desejos sexuais e de sua própria opressão pela sociedade. O estilo prosaico e objetivo da sua linguagem, cuja temática voltava-se para a velhice, o amor e a morte, influiu na reação anti-romântica. Por tudo isso, foi considerado o "último dos grandes vitorianos".

Hardy casou-se com Emma Lavinia Gifford em 1874. Após a morte da esposa, em 1912, casou-se com Florence Emily Dugdale, autora de livros infantis. Morreu de causas naturais aos 87 anos. Ele está enterrado na Abadia de Westminster [fonte: Wikipédia].


Ficha Técnica:
Título: O Retorno do Nativo
Autor: Thomas Hardy
Tradução: Jorge Henrique Bastos 
Editora: Martin Claret
Páginas: 487
Ano: 2017
ISBN: 9788544001523

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