[RESENHA #078] FAUSTO | JOHANN WOLFGANG VON GOETHE


Sinopse:
 
Com a sua temática arquetípica e grandiosidade estética, o Fausto se impõe como ápice e síntese da obra pioneira de Johann Wolfgang von Goethe. A obra-prima do autor nos transporta à tragédia do protagonista que, desiludido, faz um pacto com o demônio Mefistófoles.

Resenha/Opinião: Desde que me aventurei na literatura clássica, as coisas foram ficando cada vez mais trançadas e talvez com a idade, meu gosto literário acabou se tornando um pouco mais exigente ou talvez esteja me arriscando mais para ver que resultado isso vai me dar. Mas, de qualquer forma, um dos autores mais conhecidos e renomados, Goethe, sempre esteve presente na minha biblioteca, seja com "Os Sofrimentos do Jovem Wherter" ou "Fausto", que me fascinou de imediato pelo seu tema: O demônio e o homem.

Não vou negar e nem mascarar que Fausto foi uma leitura difícil, muito difícil, pois além do romance estar em versos, a lúgubre literatura clássica alemã foi um pouco mais demorada para me acostumar. Porém, quando me acostumei com a dança de seus versos, Fausto se tornou essencialmente prazeroso e inquietante.

A clássica ideia de se vender a alma para o demônio para aquietar os desejos humanos é muito bem aproveitada em toda a primeira parte da história. Goethe já inicia seu romance com tapas e mais tapas na cara da religiosidade demonstrando sem qualquer pudor que nós humanos, somos apenas joguetes nas mãos tanto dos deuses como dos demônios. É impressionante o desprezo com  que as criaturas celestiais e da escuridão brincam com a vida de um ser humano perdido e atualmente sem rumo na vida, que por um capricho se torna um tipo de prêmio a ser disputado, mas na essência, Goethe nos insere no lado obscuro da "bondade" e deixa que o "livre arbítrio" seja sempre alimentado pela força indiscutível dos desejos realizados.

Goethe, não deixa de lado a lascividade de Fausto, que sente como ser humano, homem e age como demônio, sem se importar com o que se possa acontecer com seja lá quem for, desde que seus desejos sejam saciados. A imensa crítica socioeconômica e cultural não deixa de ser chicoteada em toda a história de Fausto, mostrando como o declínio é tão fácil e simples de se obter e seguir.

Porém, como disse, Fausto é brilhante em sua primeira parte demonstrando o histórico trágico de seu personagem principal, mas esse brilhantismo fica um pouco fora de foco quando começamos a segunda parte do romance. Por vezes longo em seus versos, senti que muitas coisas inseridas [muitas mesmo] desse ponto em diante, foram mais para um entretenimento quase lisérgico do que uma extensão direta dos atos e personalidade de Fausto. Sinto que o autor poderia ter reduzido em muitas páginas essa segunda [e quase descartável] parte onde você fica esperando mais de Fausto, mas encontra quase um "bastidores" de Ilíada.
 

Apesar de perder o brilho em sua segunda parte, é inegável o brilhantismo de Fausto em suas questões humanas, sagradas e sua demonstração da insatisfação eterna dos seres humanos, fazendo com que Fausto, seja merecidamente uma das obras mais interessantes da literatura mundial. Simplesmente, O.B.R.I.G.A.T.Ó.R.I.O.

Autor: Johann Wolfgang von Goethe (1749 - 1832) foi um poeta, escritor, pensador e cientista natural alemão, considerado um dos principais representantes do romantismo europeu. Nasceu em Frankfurt am Main, filho de uma família nobre. Recebeu uma educação ampla, incluindo o estudo de línguas, ciências, religião e desenho. Estudou Direito na Universidade de Leipzig, mas não exerceu a profissão. Escreveu seus primeiros poemas líricos, reunidos em O Livro de Annete (1767). Teve sucesso com o romance Sofrimentos do jovem Werther. Sua obra mais famosa é a tragédia Fausto, que apresenta um olhar realista sobre a espécie humana. Participou do conselho de Estado de Weimar e foi ministro da Educação e da Cultura. Goethe foi influenciado pela mística neoplatônica medieval, a era clássica grega e o paganismo germânico.


Ficha Técnica:
Título: Fausto

Autor: Johann Wolfgang von Goethe

Tradutor: Agostinho Ornellas

Editora: Martin Claret

Páginas: 642

Ano: 2016

ISBN: 9788544001196

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